Escrevo hoje talvez um dos textos mais importantes do Gloriosa: sobre probióticos e prebióticos.
Imagino que já tenham pelo menos ouvido falar nisso, porque são palavras que estão nas publicações científicas, na imprensa em geral e até na TV (vi um programa no YouTube em que falavam disso).
Por que é um tema tão importante? Porque o intestino é o principal órgão imunológico do organismo, e assim sendo, se pudermos melhorar a resposta imunológica desse órgão, otimizaremos a saúde das pessoas.
“O intestino é o mais importante órgão com função imunológica do corpo. Aproximadamente 60% das células imunes do organismo estão presentes na mucosa intestinal, sendo responsáveis pela resposta imune contra proteínas dietéticas (prevenção de alergias alimentares) e micro-organismos patogênicos, como viroses (rotavírus, poliovírus), bactérias (Salmonella, Listeria, Clostridium, etc) e parasitoses como a toxoplasmose.” (1)
Nós temos bilhões de bactérias no intestino e a ingestão de probióticos pode contribuir para fortalecer as bactérias “do bem” (digamos assim), contra patógenos (causadores de doenças).
Não é muito fácil explicar o que são e como agem os probióticos, mas vou tentar (para tal, li várias publicações científicas, como a que cito na bibliografia deste post).
A definição aceita internacionalmente é que são” microorganismos vivos que administrados em quantidades adequadas conferem benefícios à saúde do hospedeiro “(FAO, WHO, 2001, Sanders, 2003).
Há várias cepas de probióticos, entre as quais lactobacillus acidophilus e lactobacillus rhamnosus. É importante saber disso porque têm efeitos diferentes, mas muitas diminuem a produção de citocinas inflamatórias e aumentam a produção de citocinas anti-inflamatórias. Em resumo, podem promover mudanças na composição da microbiota intestinal e portanto na resposta imunológica.
Agora, vamos às fontes de probióticos: iogurte, kefir, leitelho, alguns queijos (brie e gouda), chucrute (não pasteurizado), kimchi (conserva de repolho coreana), misô, tempeh e natto (produtos fermentados à base de soja), kombucha, cerveja, vinho.
Tomo kefir de água todos os dias, e isso melhorou não apenas o funcionamento do intestino mas até meu humor (porque há muitos receptores de serotonina no intestino. A serotonina é um neurotransmissor com um impacto muito importante em nosso humor, entre outras coisas).
Talvez os antigos estivessem pensando nisso quando usavam a palavra “enfezado” , para significar ranzinza, mal-humorado. Pensando na etimologia da palavra, de fato, se o intestino não funciona bem, a pessoa fica enfezada”, literal e figurativamente.
O intestino é tão importante que alguns cientistas o chamam de “o segundo cérebro”.e parece não haver dúvidas de que há um eixo direto entre o intestino e o cérebro.
Daí minha insistência em leguminosas e saladas, porque se sabe que uma dieta que consiste em muito açúcar e carboidratos pode fortalecer bactérias patogênicas ( ou seja, que provocam doenças), ao passo que uma dieta saudável fortalece as “boas” bactérias.
Há muito mais por descobrir, por exemplo, se dietas de curto prazo podem ter impacto sobre a microbiota do intestino, ou se só as de mais longo prazo. Supõe-se que uma série de fatores podem influenciar a microbiota, mas sem dúvida a dieta é um dos mais importantes.
E a saúde do intestino vai afetar grandemente a saúde geral do indivíduo. Hoje já se sabe que muitas patologias têm origem no intestino (alergias, doenças auto-imunes, e até certos distúrbios psíquicos). Assim, é importantíssimo o papel dos probióticos e prebióticos para a saúde em geral.
E o que são prebióticos? São os alimentos que vão fortalecer essas bactérias boas do intestino. Exemplos: casca de maçã, bananas, aspargos, leguminosas (feijão, lentilhas, grão-de-bico), alho-poró, frutas, azeitonas, legumes em conserva, aveia. Para minhas amigas européias e americanas, também a Jerusalem artichoke ou topinambour, que nunca vi no Brasil.
Probióticos e prebióticos se completam para fortalecer seu sistema imunológico e melhorar seu humor! Voltarei a falar deles em outros posts, mas é por isto que insisto tanto na alimentação adequada.
(1) Prof. Dr. Durval Ribas Filho e Profa. Dra. Eline de Almeida Soriano, Probióticos e Imunidade. (Os dois professores doutores são médicos nutrólogos e o Prof. Dr. Durval Ribas Filho é Presidente da Associação Brasileira de Nutrologia)